terça-feira, 7 de agosto de 2012

Comunismo não funciona na prática (Parte V)


Prosseguindo com a minha análise sobre os motivos pelos quais as experiências comunistas não funcionaram na prática, abordarei outro ponto importante que em minha opinião ajudou levar ao fracasso praticamente todas as experiências comunistas até hoje e do qual não há como fugir em qualquer debate, que é a constatação de que os regimes comunistas são extremamente personalistas.

Todos os regimes até hoje tiveram um líder ditador que, se não encontrou um sucessor à altura, levou o regime ao fracasso. Exceção feita aos países que orbitavam a União Soviética e que, a qualquer sinal de enfraquecimento do regime, havia uma intervenção direta da URSS. Como aconteceu, por exemplo, na antiga Tchecoslováquia ao se reprimir a Primavera de Praga.

Para ajudar a corroborar essa tese, basta verificar que os próprios defensores do comunismo dizem que a União Soviética desandou depois que Nikita Kruschev assumiu o poder e com seu revisionismo oportunista, se afastou dos princípios do comunismo. Ou seja, mudou o líder, mudou o regime: é personalismo.

É preciso refletir melhor sobre essa alegada decadência da URSS após Stalin e a partir de Kruschev. Como um regime pode ser viável se ele é tão personalista? Ou seja, se para que o regime se mantenha é fundamental um líder de mão forte, isso significa que os conceitos deste regime não se sustentam por si só. Somente na base da força bruta é possível manter o regime vigente. Até hoje não há um único exemplo de experiência comunista sem um poder central forte, sem um líder ditador e sem repressão a qualquer tentativa de participação da população nos rumos do país. Será que o regime cubano sobreviverá à morte de Fidel?

Um exemplo interessante está acontecendo atualmente na Coreia do Norte, com a morte do antigo ditador Kim Jong-il, assumiu o poder um de seus filhos, o general Kim Jong-un e parece que ele é muito apoiado por toda cúpula do regime, haja vista a quantidade de cerimônias nas quais ele aparece cercado pelos altos comandantes militares fazendo-lhe reverências. Ou seja, os próprios membros do partido reconhecem a necessidade de se manter o personalismo do regime por questões de sobrevivência e para isso, aceitam que uma ditadura do proletariado praticamente se transforme numa monarquia hereditária, já que, Kim Jong-un é a terceira geração da família a comandar a Coreia do Norte.

Segundo a teoria, o marxismo acredita na força no trabalhador e partir dessa força é feita a revolução. Porém, na prática essa força é utilizada apenas enquanto é útil para a tomada do poder. Depois que o poder está nas mãos do partido, voltamos ao sistema tradicional de duas classes, onde o partido manda e o “resto” (também chamado convenientemente de “trabalhador”) obedece.

Se os trabalhadores são tão fortes, por que eles precisam se submeter a um poder central autoritário que nem sempre leva em conta as demandas da população?

Se “nós” somos a força da revolução, por que todas as revoluções comunistas até hoje (exceto na própria URSS) precisaram ser patrocinadas pelo exército soviético?

São questões difíceis de responder, mas ajudam a reforçar a tese de que, na prática, o comunismo não funciona tão bem quanto na teoria.

Em breve, eu falarei de outras razões para o comunismo a não funcionar na prática.


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