quinta-feira, 27 de maio de 2010

Golpe contra os Manos da Oficina do Lata Velha

Anteriormente eu critiquei aqui o programa Lata Velha e as modificações que eles fazem descaracterizando carros históricos.

Mas, apesar de não gostar da linha que o programa adota, os donos da oficina Dimension Customs, que fazia as reformas para o Caldeirão do Huck, parecem ser gente séria e honesta.

Porém os “Manos da Oficina” como são conhecidos os dois irmãos donos da Dimension, foram ludibriados por gente desonesta, parece inclusive, que com a conivência da produção do Caldeirão do Huck. Com isso, perderam a sua oficina e hoje estão passando sérias dificuldades.

Conheça a história deles no blog que criaram e ajude a divulgar este absurdo que fizeram com pessoas trabalhadoras e de boa fé:

http://dimensioncustoms.blogspot.com/


terça-feira, 25 de maio de 2010

Comunismo não funciona na prática (Parte II)

Continuando a análise do post anterior, onde eu fiz um breve apanhado da história do comunismo, eu vou falar do primeiro problema que surge para o comunismo funcionar na prática, que é a instauração do que Marx chamava de "a ditadura do proletariado":

A ditadura do proletariado é literalmente uma ditadura, mas é a ditadura burguesa de direita, virada de cabeça para baixo. Se na ditadura burguesa temos uma minoria governando sobre a imensa maioria da população (devido à sua influência econômica), no socialismo isso se inverte, ou seja, os trabalhadores assumem o poder.

Mas aí vem a primeira questão: Todos os trabalhadores estarão realmente no poder?

E ainda: Aqueles representantes dos trabalhadores que exercerão o comando da máquina pública e econômica, realmente irão trabalhar em prol daqueles que eles representam, sem colocar os próprios interesses em primeiro plano?

Como o regime é assumidamente uma ditadura e não é possível colocar toda a população no comando do país, algumas pessoas assumem o comando da máquina partidária, que é o centro de comando nos regimes comunistas, e passam a se autointitular "representantes do povo".

Invariavelmente, os grupos que assumiram o comando nos regimes comunistas conseguiram isso através da força bruta. Seja no momento em que a revolução assumiu o poder, seja posteriormente, em disputas internas entre correntes diferentes do partido. E para o grupo manter-se no poder, todos esses regimes foram conduzidos com mão de ferro.

Além da questão da disputa de poder entre as diferentes correntes comunistas, há ainda a repressão para evitar qualquer tentativa de restauração do capitalismo. E aqui existe um paradoxo, pois, se a ditadura representa a maioria, que são os trabalhadores, mesmo que esta maioria deseje a restauração do capitalismo, ela será reprimida.

O termo "democracia" no socialismo tem um conceito diferente e bem peculiar, pois, não significa democracia para todos. É democracia apenas para os trabalhadores, isso é segundo a teoria, para a imensa maioria, e ditadura para os antigos capitalistas, exploradores, oportunistas e mercenários. Ou seja, o regime é democrático desde que você esteja de acordo com ele.

Com isso, a ditadura do proletariado acaba abrindo possibilidades de perseguições políticas e injustiças ao tentar inibir tudo que é contra revolucionário, Mas afinal, quem define o que é contra revolucionário?

Contra revolucionário é aquele que está tentando restaurar o capitalismo ou é apenas aquele que começa a ganhar prestígio no partido e a ameaçar a posição do grupo de comando?

Assim, o quanto a autointitulação de representante do povo é verdade, vai depender de quem estiver exercendo o poder, pois, os representados não terão condições de se manifestarem contra aquilo que não estiverem de acordo.

Existem exemplos positivos de regimes que foram realmente voltados para o povo, como o regime cubano, por exemplo. Em Cuba, podemos concordar ou não com o regime político, mas é inegável que houve um avanço considerável nos indicadores sociais de um país que era extremamente pobre no período pré-revolucionário.

Porém, existem também exemplos terríveis, como o que ocorreu durante o governo do Khmer Vermelho no Camboja, onde houve um genocídio com milhões de vítimas, tendo como justificativa a implantação do regime.

Além de líderes que se beneficiaram pessoalmente das benesses do poder como qualquer ditador capitalista de uma república de bananas.

Como estamos lidando com pessoas, que apesar de uma ideologia comum, tem métodos e objetivos bastante distintos e como eles exercem o poder por meio de uma ditadura, não importando para isso se é de direita ou de esquerda, os resultados podem ser os mais diversos possíveis, muitas vezes o governo se afasta da ideologia comunista, comete abusos, expropria o estado e a população não consegue se opor. Em uma ditadura efetiva, de qualquer viés político, vale a vontade do grupo que está no poder, independente dele estar ou não representando a maioria.

Dessa forma, mesmo que a imensa maioria dos trabalhadores, que em tese é o grupo que está no poder, preferiram o capitalismo, não adianta, o regime permanecerá o mesmo, ou seja, o regime socialista pode se transformar em um caso de ditadura da minoria sobre a maioria. Como nós vimos nos países do leste Europeu no final na década de 1980, quando a população foi às ruas comemorar a queda dos regimes comunistas.

Esta é a primeira razão do insucesso das tentativas de implantar o comunismo na prática. Nos próximos posts eu analisarei outras razões.


segunda-feira, 17 de maio de 2010

Paulo Henrique Amorim e o jornalismo

Eu já considerei o Paulo Henrique Amorim um excelente jornalista: crítico, sensato, independente e comunicativo, apesar de um tanto tendencioso, principalmente quando se tratava de defender o governo Lula e o PT em geral. Mas, enquanto ele estava exercendo o papel de colunista, eu não podia criticar o fato dele defender suas posições, eu podia apenas concordar ou discordar delas.

Hoje ele possui um portal independente na internet, o Conversa Afiada, onde ele deixa clara sua posição política, o que também não é um problema, já que o portal é pessoal. Neste portal ele popularizou o termo PiG, repetido exaustivamente, onde classifica a grande imprensa de golpista:

"Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista."

O problema, é que ao criticar a "grande mídia", ele se esquece dos seus próprios pontos fracos. Hoje ele trabalha para a Rede Record, que pertence ao "bispo" Edir Macedo e à Igreja Universal (IURD). Mas, este não é o maior problema, afinal todos nós precisamos ganhar a vida. O problema, é que ele aceita realizar tarefas no seu emprego, como se fosse trabalho jornalístico, sem ser.

Em outubro de 2007 ele comandou uma reportagem para o programa dominical da Record, que chegou a me dar pena. Ele conduziu jornalisticamente uma matéria claramente encomendada pelo dono da empresa, o tal Edir Macedo. Eu não conheço muito de jornalismo, mas, essa reportagem deve ir contra qualquer manual básico da profissão: tratar matéria paga como se fosse notícia.

Na tal matéria, o bispo foi mostrado como vítima de perseguição por parte das autoridades porque passou 11 "terríveis" dias na cadeia e aproveitou para mostrar o seu livro em que contava as agruras sofridas neste episódio.

O Paulo Henrique cumpriu direitinho o papel que lhe cabia naquele informe publicitário disfarçado de matéria, eu percebi que em alguns momentos ele quase chegou às lágrimas com a "dramática" história do sujeito que há 15 anos, passou 11 dias na cadeia, foi tratado como manda a lei e aproveitou bem esse fato para fortalecer ainda mais a sua imagem junto aos fiéis.

Se o Paulo Henrique continuar assim, vai acabar sendo promovido pela Record pelos bons serviços prestados. A pena a qual eu me referi acima é por constatar que o jornalismo passou a ser apenas uma lembrança distante na sua carreira.

Posteriormente, em 2008, o Sr. Paulo Henrique Amorim teve o seu contrato com o portal IG rescindido e saiu atirando para todos os lados, criticando sem dó o IG e todos que tivessem algum tipo de relacionamento com o portal.

Eu concordo que o IG agiu de forma pouco ética na rescisão do contrato dele. A rescisão deveria ter sido comunicada com mais antecedência e os seus leitores deveriam ter sido informados sobre o novo local de hospedagem do blog. Contudo, eu acho que o assunto foi tratado de maneira equivocada pelo jornalista e pela maioria das pessoas que opinaram sobre o assunto:

  • O fato não se tratou de uma demissão, afinal o Paulo Henrique não era empregado do IG, tinha um contrato de hospedagem do seu site;
  • Também não se tratou de censura, o IG simplesmente não concordou com a sua postura, seja por razões comerciais ou políticas, e resolveu não continuar hospedando o seu site. O meu patrão, se não gostar de alguma atitude minha, pode me mandar embora sem nenhuma explicação e nem por isso os outros vão dizer que eu fui censurado.
  • Ele não foi injustiçado, simplesmente um contrato comercial foi rompido. Eu acredito, que financeiramente ele pode até faturar mais em um blog independente exibindo anúncios pagos.

Agora, o que me incomoda mais nessa situação, é o hábito que o Paulo Henrique tem de sair atirando sempre que deixa uma organização:

  • Ele trabalhou na Globo por muitos anos, recebia seu salário e, pelo menos aparentemente, não tinha nenhuma intenção de sair. Bastou a Globo lhe demitir, que virou o exemplo para tudo de ruim que há na imprensa e um dos membros do PiG. Quando ele estava lá dentro, não achava isso ou estava aturando calado por causa do bom salário?
  • No IG, eu nunca vi nenhuma manifestação dele contra o portal e seus acionistas. Depois que ele saiu, o portal e seus executivos ganharam apelidos pejorativos e passaram ser a encarnação do demônio.

Mas o Paulo Henrique ainda trabalha para a Record. Será que lá na Record não tem nada de errado? É correta a exploração que os "bispos" fazem dos miseráveis? É correto a IURD usar uma concessão pública para vender o seu "produto"? É correto a IURD patrocinar uma "chuva" de ações judiciais contra órgãos da impressa que a criticam? As finanças da IURD e suas coligadas são transparentes e parecem éticas? Está certo o "bispo" Macedo fazer a emissora produzir matéria encomendada como se fosse jornalística usando o Paulo Henrique como apresentador?

Talvez, se o Paulo Henrique se dispusesse a responder, ele dissesse: "Está tudo certo, não há nenhum problema com a Record."

Mas talvez, ele só se lembre de mencionar isso no dia que a Record o demitir e ele sair atirando com a sua metralhadora de conveniências.

Cuidado Paulo Henrique, pois com este hábito de atirar a esmo, você está gastando rapidamente todos os cartuchos de prestígio que acumulou durante vários anos e, um dia, os cartuchos acabam.

Eu enviei este texto para o portal do Paulo Henrique, mas, naturalmente, ele não foi publicado e nenhuma reposta me foi dada.

terça-feira, 4 de maio de 2010

O sistema eleitoral parlamentar está falido

O sistema eleitoral brasileiro para as eleições parlamentares (de deputados federais, estaduais e vereadores) está completamente falido: você vota em quem quer e elege quem não quer.

O problema é o sistema de distribuição de vagas pelo número de votos no partido ou coligação.

Como funciona o sistema? Somam-se todos os votos válidos de cada partido e faz-se um rateio proporcional ao número de cadeiras disponíveis.

Veja um exemplo hipotético para uma eleição disputada por 3 partidos para uma câmera de vereadores com 9 vagas:

Suponha que o partido A teve 140 votos, o partido B 700 votos e o partido C 420 votos.

Soma-se a quantidade de votos: 1260 e divide-se pela quantidade de vagas: 1260 / 9 = 140. Assim, a cada 140 votos o partido terá direito a uma vaga. Ou seja, o partido A terá 1 vaga, o B 5 vagas e o C 3 vagas.

Dentro de cada partido, são eleitos os candidatos mais votados de acordo com a quantidade de vagas destinada a cada partido.

Assim, quando você vota em um candidato a parlamentar, você na verdade, não está votando nele e sim em um dos candidatos mais votados daquele partido. Ou seja, você nunca sabe para quem o seu voto vai.

Vamos imaginar uma situação onde o partido A do exemplo acima tenha apenas dois candidatos a vereador: um deles é um corrupto notório, mas, apesar disso tem muitos votos; o outro é um candidato honesto, mas, com menos apelo popular.

Na eleição, o corrupto teve 80 votos e o honesto teve apenas 60 votos. Mesmo que você tenha votado no honesto, você elegeu o corrupto, pois, com apenas os 80 votos dele, ele não teria atingido o coeficiente necessário para ter direito a uma vaga ele precisou dos 60 votos que foram dados ao candidato honesto.

Existe ainda outro tipo de distorção: imagine que no partido B um candidato sozinho teve 600 votos e todos os outros candidatos somados tiveram os 100 votos restantes do partido. O partido B ganhou 5 vagas, mas, só um candidato foi realmente votado, os outros 4 foram eleitos com a votação do primeiro, inclusive, tiveram muito menos votos que o candidato que não foi eleito pelo partido A.

Qual é a solução para isso?

Eu vejo duas possibilidades:

  • Voto distrital, onde o país, o estado ou a cidade, seriam divididos em pequenos distritos e cada distrito elegeria o seu candidato mais votado. A vantagem desse sistema é que você vota em um candidato mais próximo da sua comunidade e, teoricamente, mais alinhado com os interesses de quem o elegeu.
  • Voto direto no candidato e não no partido, onde seriam eleitos os candidatos mais votados de acordo com o número de vagas. A vantagem desse sistema é que ele é simples e direto, candidato bem votado é eleito e o mal votado não.
Por que o sistema não é alterado?

Porque isso não interessa a quem está no poder e quer se perpetuar por lá, o sistema atual é muito útil para manter tudo do jeito que está.

Tem um projeto tramitando no congresso que cria outra aberração, que é o voto em lista. Neste sistema você votaria apenas no partido e o partido é que escolheria a ordem dos candidatos em uma lista previamente definida. Ou seja, você continuaria sem saber em quem votou e ainda abriria espaço para os partidos venderem vagas no topo dessa lista. Como sempre, é um sistema que só interessa a quem já está no poder e tem a máquina partidária sob seu controle.

A Lucia Hippolito, da rádio CBN, abordou essa questão há poucos dias e disse textualmente que o sistema eleitoral brasileiro está falido. Ouça:

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