Comunismo não funciona na prática (Parte I)
O comunismo é uma teoria excelente, mas, quando trazida para a prática não se mostra viável. Até hoje, todas as experiências práticas de implantação de um regime comunista fracassaram. Ou estes regimes foram extintos, ou migraram para um capitalismo disfarçado, ou estão agonizando lenta e dolorosamente.
O que eu pretendo nesta série de posts, é analisar por que isso acontece. Por que uma teoria tão interessante, que prega o fim da exploração do homem pelo homem, que coloca os trabalhadores no poder, que democratiza os meios de produção, que determina que a produção deve ser voltada para atender os interesses da população e não dos proprietários dos meios de produção, não funciona?
Para isso, inicialmente, eu vou fazer um pequeno resumo histórico das origens da teoria comunista, depois vou mostrar alguns casos onde ela foi aplicada na prática, para, por fim, analisar as causas do fracasso destas experiências.
As primeiras teorias comunistas são bastante antigas, mas, elas existiam de maneira dispersa e sem uma integração entre elas. O primeiro pensador a formular uma teoria completa e tratar o assunto de maneira mais abrangente foi Karl Marx, que publicou na segunda metade do século XIX obras que até hoje são referência para o pensamento comunista: O Manifesto Comunista, em conjunto com Engels e O Capital.
Marx e suas obras foram tão importantes para a consolidação do pensamento comunista que até hoje o Marxismo é uma escola extremamente conceituada dentro do pensamento comunista, alem de ser considerada a base para praticamente tudo que surgiu depois.
O que impulsionou fortemente o comunismo na Europa foi a Revolução Industrial. Foi neste período que o trabalho assalariado apareceu com grande força e os trabalhadores passaram a ser muito explorados pelos donos do capital.
As teorias de Marx tratavam justamente da relação entre capital e trabalho e se pudéssemos resumir tudo o Marx disse em uma palavra, ela seria: Mais-valia.
O grande questionamento de Marx era com o fato do trabalhador produzir e o dono do meio de produção lucrar com o trabalho braçal do trabalhador. Sendo que, o dono do meio de produção não tinha nenhum papel no sistema produtivo a não ser o fato de estar de posse dos meios de produção. Se estes meios fossem expropriados pelos trabalhadores, a produção continuaria da mesma forma e o capitalista não faria nenhuma falta.
Uma citação básica do Manifesto, de Marx e Engels é que "A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes. Homem livre e escravo, patrício e plebeu, barão e servo, mestre de corporação e companheiro, opressores e oprimidos, em constante oposição, têm vivido numa guerra ininterrupta, ora franca, ora disfarçada; uma guerra que terminou sempre, ou por uma transformação revolucionária, da sociedade inteira, ou pela destruição das duas classes em luta". Assim, o que os socialistas enxergavam no capitalismo era a luta entre duas classes que possuíam interesses antagônicos, a mesma luta que sempre ocorreu na história da humanidade.
Juntando o cenário de exploração dos assalariados, uma teoria sólida e consistente embasando a luta de classes e a mobilização dos trabalhadores, movimentos comunistas começaram a se espalhar pela Europa.
O primeiro caso concreto de revolução comunista ocorreu na Rússia em 1917, depois que Marx já havia morrido, implantando o que ele chamava de Ditadura do Proletariado. O líder dessa revolução foi Lênin, que posteriormente foi sucedido por Stalin ao sair vencedor de uma disputa pelo poder com Leon Trotski. Os três são considerados até hoje figuras de referência no pensamento e na implementação do comunismo e são pais de influentes escolas comunistas: o Leninismo, o Stalinismo e o Trotskismo.
Depois da experiência Russa, que acabou dando origem a União Soviética (URSS), outras revoluções ocorreram na Europa, principalmente após o fim da 2ª guerra mundial, sempre apoiadas e patrocinadas pela URSS. Houve outra revolução comunista na China, onde se instalou o Maoísmo e um caso particular em Cuba, devido a derrota imposta aos Estados Unidos, com o Castrismo. Ocorreram outras revoluções comunistas vitoriosas, mas, tiveram menor importância histórica.
Estas experiências duraram até por volta de 1990, quando o desmantelamento do regime Russo por problemas econômicos, causou um efeito cascata em todos os outros regimes que orbitavam fortemente a União Soviética. A China deixou as teorias econômicas socialistas de lado e passou a se comportar apenas como uma ditadura de direita. O único caso de resistência aos princípios da revolução é o de Cuba, que vai agonizando com uma contribuição substancial dos Estados Unidos para isso.
Os socialistas dizem que não é possível afirmar que nenhuma experiência socialista deu certo, pois, a URSS foi uma experiência socialista vitoriosa e mostrou que o sistema é exequível. Segundo os defensores do regime soviético, o socialismo só foi bem aplicado até Stalin, depois o oportunismo revisionista de Kruschev, Gorbatchev & Cia fez com que o regime entrasse em colapso. Mas, a verdade é que o regime comunista soviético não existe mais.
Afinal, o que aconteceu para regimes outrora tão sólidos e desafiadores, se desmancharem por si só? É o que eu pretendo analisar nos próximos posts.